Apresentado por Ing. Agr. Jorgelina Lezaun
Agribusiness & Marketing Consultant
jorgelina.lezaun@gmail.com
Outubro 2024
A maioria dos produtos fitossanitários são projetados para serem diluídos em água -como veículo- e utilizados ou pulverizados sozinhos, mas são misturados para atingir diferentes objetivos, tais como:
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A diversidade de formulações de produtos fitossanitários exige manejo diferenciado e necessidade de agitação dentro da calda, bem como compatibilidade diferencial entre os componentes da mistura.
As variáveis ao combiná-los geram diversas situações em que os produtos nem sempre são compatíveis para misturar.
Existem estatísticas em que o fator “erros na mistura” constitui 33% das falhas de aplicação (R. Wolff, 2001).
Os fatores que influenciam a perda de eficácia podem ser:
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Os resultados da “mixtura” que afetam a eficácia do controle podem ser:
A ordem de confecção das misturas no tanque depende da formulação e NÃO do tipo de produto (herbicida, fungicida ou inseticida). Para alcançar a eficácia da mistura, é necessário respeitar uma ordem que garanta primeiro a dissolução do material solúvel.
Ressalta-se que os solúveis (líquidos, granulados ou em pó) não são separados em fases e não necessitam de agitação, por isso vêm sempre primeiro, depois dos condicionadores de água caso necessitem ser utilizados.
A ordem correta de mistura é:
O teste de compatibilidade é a melhor ferramenta para decidir a ordem de mistura de diferentes agroquímicos, visto que existe um grande número de formulações com diferentes características e qualidade comercial. Além disso, nem sempre são conhecidas a qualidade da água (sais, dureza, PH), as condições ambientais como temperatura e a eficiência operacional do sistema de agitação do pulverizador, o que influenciará nos resultados da aplicação.
É aconselhável fazer um teste de compatibilidade em pequena escala e ensaiar a ordem de incorporação de pesticidas no tanque. O teste deverá ser realizado respeitando a proporção de produtos que serão utilizados no campo, condições hídricas e ambientais em que será feita a aplicação.
Deve-se ter em mente que o “solúvel” não é dividido em fases, por isso é incorporado primeiro à prova.
Ressalta-se que apenas o princípio ativo é mencionado nos rótulos, e as informações sobre as misturas são escassas, dificultando a estimativa do resultado de uma mistura.
O fabricante garante o produto utilizado sozinho ou para as misturas detalhadas no rótulo (ou etiqueta) e esclarece incompatibilidades conhecidas.
Teste de compatibilidade
- Em um recipiente (de preferência de vidro), é feita uma mistura que mantém exatamente a mesma proporção de cada um dos componentes em que será feita a aplicação.
- Prossiga adicionando um produto de cada vez a 100cc de água, mexa e complete com água até 200cc. Em seguida agite invertendo o recipiente fechado até 10 vezes, observe e observe novamente após 30 minutos.
- As recomendações surgirão com base no resultado:
Tipos de mistura
Os resultados do teste de compatibilidade permitem diferenciar claramente os tipos de misturas.
- Mistura Compatível: É uma mistura suave. Sem fases diferenciadas. Se houver algum ligeiro sedimento, ele se dissolve imediatamente quando agitado. Os produtos podem ser usados juntos.
- Mistura Incompatível: apresenta aspecto grumoso ou flocular. Se agitados, os componentes não se dissolvem ou separam-se novamente imediatamente.
Em algumas ocasiões, pode ser detectada “liberação” de calor, o que é um sinal inequívoco de reações químicas entre os componentes. Neste caso a utilização de compatibilizantes nem sequer pode ser tentada.
As condições que predispõem à “incompatibilidade” de uma mistura são:
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Além disso, deve-se considerar que a operação de carregamento é um fator que contribui para o agravamento dos problemas das misturas, pois muitas vezes, dois ou mais produtos praguicidas puros são misturados incorretamente no recipiente de carregamento.
Formulações emulsionáveis e suspensões também necessitam de um bom sistema de agitação, e normalmente o equipamento depende de um sistema de retorno hidráulico para realizar esta função, que nem sempre é bem projetado e dimensionado.
Por outro lado, misturas de diferentes formulações, com diferentes exigências enfatizam a necessidade de contribuir mecanicamente para a homogeneização da calda de pulverização.
Considerações gerais
Adjuvantes ou aditivos
“Um adjuvante é qualquer substância adicionada ao tanque do pulverizador separadamente da formulação do pesticida, a fim de melhorar seu desempenho” (J. Witt 2012).
As formulações apresentam ingredientes inativos que são utilizados para se adaptar ao princípio ativo da formulação, melhorando a atividade do produto ou para facilitar o processo de aplicação.
Muitos deles são comercializados de forma independente com diferentes funções: antiespumantes, corretores de pH, antideriva, surfactantes, emulsificantes, penetrantes, compatibilizantes, etc.
Os adjuvantes podem melhorar o desempenho do produto ao:
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Según su efecto principal de acción los coadyuvantes se pueden clasificar en:
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Ativadores com ação na superfície foliar
1.1 Surfactantes – Tensoativos. Sua função é reduzir a tensão superficial da água que atua como diluente do agroquímico. Eles também funcionam como emulsificantes de óleo em água. Sua utilização visa obter o melhor contato entre o produto e a folha (menor ângulo de contato entre ambos) reduzindo a tensão superficial.
Fonte: INTA
A referência a “penetrante” pode ser feita nos rótulos, pois a maior superfície de contato pode permitir maior penetração do produto. Assim como o maior contato com a folha determina a ação de “molhar”.
Segundo Hartzler (2001), os surfactantes adicionados ao caldo de dispersão otimizam o controle da ação herbicida, pois quanto maior o número de gotas há maior contato com a superfície foliar, mas até certo ponto 0,5% porque posteriormente, segundo experiências, o excesso provoca o escoamento da água arrastando o produto e isso geraria ineficácia no controle e custos desnecessários.
Fonte: INTA (Hartzler 2001)
Os surfactantes são compostos por uma molécula que consiste em um setor hidrofóbico (cadeia lipofílica e apolar) e outro setor hidrofílico (polar).
Esta estrutura molecular permite que óleos/gorduras se dissolvam em água e vice-versa. Ou seja, uma “emulsão” é formada a partir de 2 líquidos imiscíveis que estão um na fase dispersa (água) e outro na fase contínua (gorduras/óleos).
Os surfactantes convencionais têm uma massa de 200-300 unidades de massa molecular (amu).
De acordo com sua capacidade de ionizar em meio aquoso, são classificados como:
Gráfico 3: Molécula de surfactanteSiliconado
Sua vantagem é que em dose baixa consegue-se uma diminuição da tensão superficial devido à sua melhor localização na folha. Eles são compostos de sílica e silicone. O setor hidrofóbico é o corpo de silicone e os dentes de óxido de etileno são o setor hidrofílico.
Os surfactantes desempenham um papel fundamental na aplicação de produtos de contato. Em alguns pesticidas sistémicos – que atuam por translocação do floema – também podem contribuir para melhorar o seu desempenho.
Penetrante
Sua função é garantir que os produtos sistêmicos entrem nas membranas da superfície foliar para serem translocados. Isto é conseguido pela maior persistência na folha ou pela sua capacidade de dissolver cutículas e substâncias cerosas.
As camadas de cera, cutinas e pectinas da cutícula foliar constituem a principal barreira à ação do produto fitossanitário. As ceras são lipofílicas, o que evita a perda de água para o exterior e ao mesmo tempo funciona como barreira à entrada de produtos hidrofílicos.
As camadas de pectina são mais hidrofílicas e funcionam como barreira para herbicidas lipofílicos, por isso os penetrantes são importantes.
Os penetrantes têm a função de alterar a membrana celular e dissolver a camada de cera das folhas. Deve-se aplicar a dose recomendada, pois o excesso pode causar fitotoxicidade ou danos à planta. Em produtos que atuam por contato, seu uso não faz muito sentido.
Além disso, os penetrantes auxiliam nas variações de temperatura, uma vez que foi comprovada a falta de absorção em baixas temperaturas (Baur et al 1999).
Os penetrantes podem ser:
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Os óleos minerais e vegetais funcionam como anti-evaporantes.
Fonte: INTA ( Ing Leiva)
Em meio oleoso com o mesmo bico e pressão de aplicação, as gotículas são menores (que em meio aquoso) devido à menor tensão superficial do óleo, mas como o óleo demora mais para evaporar, as gotículas de água de tamanho inicial maior diminuem seu tamanho.
Por esse motivo, recomenda-se não utilizar óleo como antievaporante se a Umidade Relativa (UR) do ambiente for >60%. Nas aplicações aéreas as doses devem ser superiores às aplicadas em terra.
1.2 Adesivos, sua função é “grudar” o produto na folha. São látex, resinas, polímeros plásticos com adesividade. Seu uso é frequente em áreas tropicais, com frequentes chuvas torrenciais que podem “lavar ou carregar” o produto pesticida.
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Utilitários ou de propósitos específicos.
2.1. Corretores de PH Servem para garantir a eficácia de um produto fitossanitário em condições hídricas adversas:
- PH alto (alcalino): combina-se com os agroquímicos, ocorre hidrólise alcalina em grupos oxidrílo e perde-se a eficácia. Quanto maior a temperatura e o pH da água, mais rápido é o processo.
- Presença de sais (água dura): Se os sais são abundantes, combinam-se com os agroquímicos, produzindo compostos de difícil absorção.
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Por ambos os motivos, é necessário corrigir esta situação diminuindo a alcalinidade (reduzindo o PH), ou seja, acidificando o meio e/ou eliminando ou sequestrando cátions.
As doses dos corretores dependem da alcalinidade e do teor de sal. Normalmente são usados ácido fosfórico ou soluções tampão que tendem a manter uma faixa ideal de PH. Ácido ortofosfórico, ortofosfatos, hidroxietanos, etc. são usados como sequestrantes.
Em qualquer caso, é aconselhável fazer uma análise da água antes de tomar decisões quanto aos corretores.
2.2 Antiderivantes: A deriva depende do tamanho das gotículas que são expostas às condições ambientais, à evaporação e ao transporte pelo vento..
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Qualquer coisa que aumente a densidade do líquido diminui as pequenas gotas de pulverização. Quando o diâmetro volumétrico da gota aumenta, a deriva diminui.
A variação na densidade do líquido afeta a vazão dos bicos a uma determinada pressão, sendo menor quanto maior a densidade.
Um fator importante a considerar é a solubilidade do anti-derivante em água porque pode afetar os bicos.
Ambos os efeitos devem ser levados em consideração ao utilizar produtos com densidade diferente da água como fertilizantes líquidos.
2.3 Os compatibilizantes são utilizados para misturar dois produtos que, sem o adjuvante, não poderiam ser utilizados juntos.
Anexos
1- Resumo das formulações Fonte: INTA Pergamino Ing. PD LEIVA - Nov 2013
2-Comparação de formulações.
Fontes:
- Inta-Buenas Prácticas para la aplicación de fitosanitarios / Brambilla V. Gómez Hermida M. Bogliani
- Organización Mundial de la Salud (O.M.S.) 1992- Consecuencias sanitarias del empleo de Plaguicidas en la Agricultura. Ginebra. Suiza – 128 pp.
- Manual De Aplicadores SENASA Argentina
- INTA Aplicación eficiente de fitosanitarios
- Manual FAO Elaboración de plaguicidas
- CASAFE Manual de Uso Responsable de Productos Fitosanitarios 2020
- INTA Pergamino Formulación de plaguicidas Ing. Agr. Pedro Daniel LEIVA Nov 2013
- INTA Pergamino Mezclas de Tanque y Pruebas de compatibilidad Ing. Agr. Pedro Daniel LEIVA
- Universidad del Comahue Argentina Formulaciones Prof.H.U Gentile
- Formulaciones y mezclas de productos fitosanitarios en agricultura ris ristóbal colón auría ingeniero químico iqs
- Revista Chacra Nota 10787 Mezcla de productos fitosanitarios
- Boletín de Divulgación N°41 ISSN 0328-3380 Guía para el uso adecuado de plaguicidas y la correcta disposición de sus envases Ing. Agr. Fanny Martens INTA - Agencia de Extensión Rural Tandil
- Calidad de agua y mezclas de productos fitosanitarios 2015 Ing. Agr. (M.Sc.) Juan P. Renzi