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Apresentado por: Ing. Agr. Jorgelina Lezaun 
Consultor de Agronegócio & Marketing
jorgelina.lezaun@gmail.com 

Novembro 2024

APLICAÇÃO é definida como a utilização de todo o conhecimento científico necessário para que um fitossanitário específico atinja seu objetivo, em quantidade suficiente para cumprir sua finalidade sem causar contaminação ou DERIVA. (Etiennot, 2005, citado em Massaro, 2005).

A tecnologia de aplicação de pesticidas oferece alternativas para fazer um controle eficiente de pragas, minimizando os efeitos da perda de produtos e evitando perigos que podem afetar a saúde humana, a flora-fauna e o meio ambiente, bem como o risco de causar danos diretos, como fitotoxicidade às culturas.

O risco se dará em função do grau de toxicidade dos produtos formulados – detalhado no rótulo – e da exposição ao produto. Além disso, deve-se valorizar as condições climáticas, o estado de uso do equipamento de aplicação, bem como sua regulação – calibração, a tecnologia utilizada e o possível grau de exposição. Segundo trabalhos científicos (Maluf, 2015) mais de 70% do resultado de um produto depende da eficiência da aplicação.

O que é deriva?

A DERIVA é o “deslocamento de um pesticida fora do alvo determinado, transportado por massas de ar ou por difusão” Norma ASABE S-327.1 da American Society for Agricultural Engineers Standard.

A nível ambiental, o controle da derivação é o maior desafio para os aplicadores (Gil & Sinfort -2005).

As perdas devido a este “deslocamento” ou deriva podem ser apresentadas como:

  • Exoderiva ou fora da parcela de campo em que se aplica - externo ao lote. As gotas do produto são transportadas pelo vento e pelas correntes convectivas. É um fenômeno muito perigoso na aplicação de agroquímicos, condicionado tanto pela velocidade quanto pela direção do vento.
  • A Endoderiva ocorre quando a fração do agroquímico é perdida dentro da parcela de campo, lote de tratamento/cultura devido ao efeito de arrasto, coalescência e escoamento das gotas.

Muitas vezes ocorre exoderiva mas o tipo de produto aplicado não permite visualizar seu efeito indesejado (inseticidas, fungicidas); por outro lado, os herbicidas são os mais facilmente associados à exoderiva. (Massaro, 2013).

Os fatores determinantes da deriva podem ser agrupados em:

  1. Propriedades intrínsecas do princípio ativo: produtos com alta tensão de vapor, voláteis ou de ação biológica em fase gasosa são incontroláveis em campo.
  2. Condições meteorológicas: velocidade do vento, temperatura, umidade relativa, diferencial térmico ΔT, produzem evaporação da água das gotas que são veículos dos pesticidas. É denominado É denominado Thermo-deriva quando ocorre a evaporação de pequenas gotas devido à alta temperatura ambiente e baixa umidade relativa. A pressão de vapor da formulação do produto fitossanitário também influencia a deriva térmica.

  3. Tecnologia de pulverização: o tipo de bico de pulverização, caudal individual e pressão de trabalho, determinam o tamanho das gotas. Além disso, a velocidade de trabalho do equipamento e a altura da barra de pulverização sobre a superfície alvo.

Aplicação eficiente de fitossanitários

Quando se faz a aplicação de fitossanitários é necessário extremo cuidado para fazer um manejo responsável, a fim de lograr que as pulverizações sejam uniformes e precisas, obtendo o melhor controle. É dizer, lograr que cada gota que se pulverize seja aplicada no objetivo desejado, reduzindo as perdas e riscos ocasionados por deriva.

Existem variáveis técnicas e condições ambientais a serem analisadas e consideradas de importância por sua incidência na aplicação eficiente de pesticidas.

  1. Tamanho das gotas

produzidas na pulverização de uma ponta ou bico hidráulico, expresso em mícrones: 1 µm = 0,001 mm. Está relacionado com a deriva.
A Sociedade Americana de Engenheiros Agrónomos ASAE publica normas voluntárias para a segurança do uso de defensivos e equipamentos agrícolas.
A Norma ASAE S-572.1 correlaciona tamanho de gotas dependendo do tipo, número de bicos e pressão de trabalho com o risco de deriva da aspersão. É utilizado globalmente e publicado pelas empresas fornecedoras de bicos ou pontas para pulverização.

tabla 1 deriva
TAMANHO GOTA / CATEGORIA

Muito fina

Fina

Média

Grossa

Muito grossa

Extremamente grossa

Ultra grossa

SÍMBOLO

VF

F

M

G

VC

XC

UC

CÓDIGO DE COR
DVM µM

100-175

175-250

250-375

375-450

450-500

>500

Classificação do tamanho das gotas e sua relação com a deriva segundo ASAE S-572.1 


O Diâmetro Volumétrico Médio, DVM é o tamanho do diâmetro da gota que divide a massa de gotas pulverizadas em dois volumes. O DVM 0,5 divide esse volume em duas partes iguais de 50%.

Exemplo: VF em um bico que tem um DVM 0,5 < 100 µm, a maior parte das gotinhas são < 100 µm, e o risco de perder elas durante o trabalho é MUITO ALTO, provocando DERIVA, danos e/ou contaminação. 

Considerando esta informação e sua importância com os riscos de perda de produtos e efeitos sobre organismos “no alvo”, justificam-se as restrições para as pulverizações com gotas Muito Fina, Fina e incluindo Média, em áreas de produção vegetal -com uso de pesticidas- mais críticas, é dizer “zonas periurbanas”.

  1. Tipo de bico hidráulico.

    O design do tipo de bicos hidráulicos ou pontas evoluiu com tendência crescente a diminuir a deriva. Os bicos de baixa deriva possuem homogeneidade no tamanho das gotas e esse benefício está sujeito ao tamanho das gotas produzidas pela ponta.

    Existem fases na formação e deposição das gotas produzidas em bico leque plano padrão ou de baixa deriva até atingir o alvo.

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  1. 1. 1. Expulsão por pressão hidráulica:
  1. Pressão
  2. Massa
  1. 2. Energia cinética maior que fricção.
  2. 3. Energia cinética menor ou igual à da fricção, fase de turbulência.
  3. 4. Apoio na superfície.
  1. Ausencia de polvo (permiten formulación líquida de productos que solo se formulaban en polvos)
  2. Facilidad en transporte y almacenamiento
  3. Medir por volumen y no pesar
  4. Aplicación homogénea y fácil
  5. Distribución uniforme
  6. Optimiza la bioeficacia del i.a
  7. Mayor residualidad y menor olor que CE

Fases na formação de uma gota e recorrida desde o bico até o alvo. Carrancio L.2003.INTA Oliveros
  1. Tipo de Pulverização
    En la pulverización de cobertura total, el equipo moja toda la superficie de su ancho de trabajo por encima de los cultivos y los plaguicidas van 

    Na pulverização de cobertura total, o equipamento molha toda a superfície de sua largura de trabalho acima das lavouras e os defensivos são direcionados para todo o dossel.

    As aplicações direcionadas vão para a entrelinha da cultura abaixo das plantas cultivadas com herbicidas seletivos. Oferece algumas vantagens, embora exija certas condições.

    Vantagens da aplicação direcionada:

  • Minimização/eliminação da exoderiva. As plantas cultivadas atuam como barreiras para conter as gotículas.
  • Tamanho das gotas: você pode trabalhar com gotas extremamente grandes XC ou muito grandes VC porque não há necessidade de penetrar nas folhas da cultura para alcançar as ervas daninhas.
  • Redução da endoderiva: As gotas vão direto para as ervas daninhas.
  • Redução da dose de herbicidas: porque toda a pulverização chega diretamente às ervas daninhas. Foi comprovado que com as gotas VC, 80% delas e do herbicida ficam retidas nas folhas da soja em V4-5 (Massaro, 2012).
  • Melhor umedecimento das ervas daninhas em cobertura de gotas/cm2 já que é pulverizado diretamente sobre elas.

 

  1. Condições meteorológicas para pulverização

    As variáveis meteorológicas vento, temperatura e umidade relativa do ar afetam a pulverização, produzindo a evaporação do pesticida. Eles também fazem isso arrastando gotículas através de correntes convectivas, movimento “vertical” do ar ou vento, movimento “horizontal” do ar.

    O tamanho das gotas pode evitar ou reduzir a evaporação. Também a incorporação de um aditivo ou.

    As “tabelas psicrométricas” resumem o efeito evaporativo do ar de acordo com sua temperatura e umidade relativa e são uma ferramenta para ajudar a definir condições favoráveis ​​para a aplicação. A pulverização de pesticidas no ambiente agropecuário é ordenada de acordo com o risco de possíveis danos a assentamentos humanos e/ou fontes de água natural de rios e arroios. 

Boas práticas de aplicação para reduzir a deriva.

Devido ao desenvolvimento dos centros urbanos sobre áreas agrícolas, é necessário otimizar o manejo e a aplicação de pesticidas, bem como avaliar alternativas que contribuam para as boas práticas na sua aplicação.

Com a tecnologia hoje disponível é possível controlar e reduzir a deriva; além disso, a agricultura satelital e as ferramentas de formação permanente são úteis para ajudar os agricultores e operadores na tomada de decisões.

Para cumprir o objetivo de reduzir a deriva é necessário ter em conta:

  1. Aspectos técnicos
    1. Técnicas de aplicação e equipamento. É importante que a calibração da máquina seja realizada por um operador treinado, que a conheça e saiba adaptá-la para poder aplicar a dose correta de acordo com o que está indicado no rótulo do produto a ser usado.
      • Pressão de trabalho: deve-se controlar a pressão, evitar obstrução de bicos ou ressecamento < pressão de trabalho > tamanho de gota < risco de deriva
      • Altura da barra: < altura da barra < risco de deriva.
      • Velocidade de trabalho: < velocidade < possibilidade de deriva.
      • Bicos anti-deriva: vantagem porque fazem “gotas grandes”, mas um espectro não uniforme.
    1. Características de la aplicación
      Tamanho da gota a aplicar influenciado pelo bico
      • Gotas extremamente grandes favorecem a ENDODERIVA; elas não se espalham adequadamente no campo e permanecem na copa ou caem no chão, mas gotículas moderadamente grandes podem ser adequadas para fungicidas ou herbicidas sistêmicos.
      • Gotas pequenas aplicadas com ventos >15km/h produzem EXODERIVA. Também pode ocorrer produtos voláteis com temperaturas > 25ºC e HR < 50%.
      • Adição de adjuvantes anti-deriva: engrossam os caldos e garantem que o espectro de gotas aplicadas aumente de tamanho.
      • Uso de novas formulações de herbicidas com baixo risco de deriva.
  1. Aspectos ambientais

    São as condições do meio ambiente no momento da aplicação, tendo em conta que as CONDIÇÕES ÓPTIMAS são:

    • Humidade ambiente, HR 45-65%,
    • Temperatura <25°C
    • Vento: velocidade 5-15 km/h direção do vento. NÃO APLICAR com velocidades do vento > 15 km/h.
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  1. Zonas tampão ou de amortização

    As boas práticas em áreas periurbanas têm particularidades em função dos espaços e da população que se deseja proteger, mas em linhas gerais são as mesmas coisas que devem ser seguidas quando se usam fitossanitários em espaços agropecuários.

    Zona tampão é a superfície adjacente a determinadas áreas de proteção que, pela sua natureza e localização - por exemplo zonas periurbanas - requerem um tratamento especial para garantir a conservação do espaço protegido, sem dificultar as atividades que aí se realizam.

    A instalação de zonas tampão ou de amortização é uma das soluções propostas para minimizar a possibilidade de contaminação de zonas sensíveis a pesticidas.

    Com base nas experiências globais, as distâncias para as zonas tampão que são sugeridas dependem do tipo de aplicação e são sugeridas para aplicações terrestres de 100 metros e aéreas de 200 metros, podendo ser modificadas de acordo com o critério do profissional atuante, tecnologia disponível, condições climáticas e o produto fitossanitário empregado.

  1. Barreiras vegetais / Quebra-ventos florestais

Estas barreiras/cortinas rompidas retêm parte da deriva das pulverizações agrícolas e são utilizadas para mitigar seus efeitos evitando a contaminação de áreas vizinhas. Atuam “atenuando” a deriva.

De acordo com Van Eimern et al. 1964, estruturas feitas de materiais vivos “barreiras contra o vento” permitem conservar a umidade, proteger o solo e as plantas enquanto interceptam “poluentes atmosféricos” e partículas do solo.

Por exemplo nas zonas Alto Valle e Valle Medio da Argentina -produtoras de pomaceas- as “barreiras rompe ventos” são utilizadas para proteger os pomares de produção de frutas. Contém espécies de álamos Populus nigra, Híbridos Populus x canadensis, etc. Tem orientação NO-SE perpendicular aos ventos predominantes.

Como resultado das pulverizações de controle de pragas, as gotas mais pequenas são elevadas pelo vento de forma ascendente e podem superar a barreira. As gotas de maior tamanho são atraídas para o solo por efeito da gravidade. Dessa forma, parte da deriva não superaria o quebra-vento e cairia dentro da propriedade onde é realizada a pulverização.

O tamanho ideal das gotas pulverizadas na folhagem de uma árvore frutífera está entre 40-100 mícrons. (Mathews, 1987).

  1. Pulverização anti-deriva e pesticidas biológicos

    Existen ensayos que han evaluado en un cultivo de soja, la eficacia de control de un insecticida biológico, Bacillus thuringiensis sobre la plaga Anticarsia con distintas técnicas de pulverización, una de baja deriva y otra anti-deriva Massaro y otros, 2013.

    Como resultado, la eficacia medida a través de la mortalidad de orugas fue la misma, después de la pulverización con una técnica anti-deriva pastillas aire Inducido, gotas grandes, que con una técnica de poca deriva pastillas cono lleno, gotas medianas con una cobertura de 25 gotas/cm2 en la parte media del cultivo de soja.

    Esta combinación de tipo de insecticida y técnica de pulverización se ha propuesto como ideal para utilizar en zonas periurbanas y cercanías a fuentes de agua arroyos, canales. Esta práctica se puede repetir en cualquier cultivo de producción para control de la plaga.

  2. Projeto de equipamentos de aplicação especializados

    Na Argentina, o Grupo de Mecanização Agrícola do INTA Experimental Concepción del Uruguay Entre Ríos demonstrou sucesso em nível de protótipo de um dispositivo com a capacidade de alterar o tamanho da gota da pulverização que sai de seus bicos, sem afetar a vazão, segundo à parte do lote onde se realiza a obra, ou de acordo com as condições ambientais do momento. Dessa forma, evita-se que o produto seja aplicado a mais de um metro do local onde realmente deveria impactar.

    Este projeto permite que não haja desvios na pulverização de agroquímicos em condições dentro dos parâmetros normais: vento de até 15 km/h, umidade ambiente entre 45 a 65% e temperatura que não excede 25 graus Celsius porque trabalhar em condições “normais” pode causar deriva dependendo do tamanho da gota, localização dentro do campo e rajadas de vento.

Fontes:
  • Aplicação de pesticidas em áreas críticas. Ing. Agr. Rubén A. Massaro. INTA EEA Oliveros.
  • Classificação de pontas de pulverização ASAE S-572 por tamanho de gota, desenvolvida pelo Comitê de Controle de Pragas e Aplicação de Fertilizantes; aprovada pelo Comitê de Padrões da Divisão de Energia e Máquinas; adotada pela ASAE PM41. Pág. 64-68
  • https://bichosdecampo.com/desde-el-inta-trabajan-en-un-equipo-para-que-cualquier-pulverizadora-minimice-la-deriva/ Inta-Buenas Prácticas para la aplicación de fitosanitários / Brambilla V. Gómez Hermida M. Bogliani
  • Bichos de Campo Deriva INTA aplicação de pesticidas em áreas críticas
  • Argentina Gob.ar Aplicação de pesticidas em áreas críticas. Ing. Agr . Rubén A. Massaro. INTA EEA Oliveros.
  • Manual FAO Elaboração de pesticidas CASAFE Manual de Uso Responsável de Produtos Fitosanitários 2020
  • Boletín de Divulgação N°41 ISSN 0328-3380 Guia para o uso adequado de pesticidas e a correta disposição de suas embalagens Ing. Agr. Fanny Martens INTA - Agência de Extensão Rural Tandil 31 de maio de 2018
  • INTA EEA Oliveros. Artigo de Divulgação Claves para minimizar a deriva Ing Agr Rubén A. Massaro
  • Avaliação de barreiras vegetais para mitigar a deriva de pulverizações Lic. Copes Walter EEA Alto Valle. INTA Universidade Nacional do Comahue Faculdade de Engenharia Maestria em Intervenção Ambiental. Orientação Engenharia Ambiental
  • CASAFE Prevenir derivados nas aplicações de produtos fitosanitários
  • Informe científico 27 de agosto de 2020 El INTA recomenda oficialmente “reduzir fortemente” o uso de agrotóxicos
  • INTA Informações Aplicações precisas: como controlar a derivação
  • Manual Fitosanitario Pautas sobre aplicações em zonas periurbanas Ministério de Agricultura, Ganadería e Pesca MAGyP, INTA, SENASA, MAGyA CFF, AACREA, AAPRESID, CASAFE, CIAFA, CPIA, FADIA, FeArCA e FAUBA.