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Pragas

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Dentre as pragas mais destrutivas

Principais Moscas-da-Fruta e do Botão-Floral em cultivos tropicais

A praga da mosca-da-fruta pode limitar as exportações agrícolas, estimando-se perdas anuais de US $ 100 milhões em países fruticultores. No Peru, o Serviço Nacional da Saúde Agraria (SENASA) indica que as perdas de produtividade dos cultivos hospedeiros podem estar entre 30% a 50%. Por outro lado, o IICTA informa que no México sem a execução do programa Moscamed durante os anos de 1978 e 2008, houve perdas de 435 milhões no setor de frutas como a manga e US $ 1873 em abacate e uva, relatando uma perda total de todos os cultivos hospedeiros de US $ 4.237 milhões durante este período de tempo.

Por Ivonne Quiroga, engenheira agrônoma da Universidade Nacional da Colômbia.

Moscas-da-Fruta

Existem mais de 5000 espécies da família Tephritidae que integram o complexo de moscas da fruta, estas são de grande impacto na fruticultura mundial devido a que causam danos diretos aos cultivos gerando grandes perdas. Entre as moscas com maior impacto econômico estão: Ceratitis Capitata, também conhecida como mosca do mediterrâneo, e espécies do gênero Anastrepha que é o mais representativo do continente americano, com mais de 185 espécies descritas até agora. Além do dano direto que causam, também são de restrição em mercados internacionais para a exportação de frutas frescas por ser de caráter quarentenário.  

Danos que ocasionam

O dano direto é causado pelas larvas, que ao alimentar-se da polpa ou das sementes, fazem com que a fruta seja inaceitável para o consumo direto ou para o seu uso agroindustrial. Em geral, as fêmeas depositam os ovos no interior dos frutos, às vezes nas hastes em desenvolvimento ou em segmentos florais, e o dano gerado pela postura dos ovos (picada) é uma via de entrada para outros microrganismos que vão deteriorando o fruto. As larvas vão se alimentando dos tecidos até desenvolver-se completamente e a fase de pupa ocorre geralmente no solo; este é um fator importante, pois para o controle desta praga é necessário fazer a coleta dos frutos caídos.


          Danos por larvas de Anastrepha grandis no melão / Fotografia de Medfly Facility, Brazil - Adulto de  Anastrepha grandis / Fotografia de Medfly Facility, Brazil. 

                                                                                                       

Quais são os seus hospedeiros?

São considerados hospedeiros aqueles frutos de pericarpo macio nos quais as fêmeas da mosca-da-fruta depositam os ovos. Os hospedeiros podem ser primários ou secundários dependendo de cada espécie de mosca-da-fruta e da sua vida útil. Geralmente os cultivos comerciais mais afetados por moscas da fruta são: Cítricos, bananeiras, melões, videiras, toronjas, abacates, mamões e goiabas, entre outros.

Biologia de Ceratitis Capitata

Espécie polífaga; o adulto pode medir de 4 a 5 mm de longitude; apresenta colorações: amarela, branca e preta; seu tórax é cinzento com manchas pretas e no abdômen apresenta franjas amarelas e cinzentas; as asas têm varias manchas cinzentas, pretas e amarelas. A fêmea se diferencia do macho por possuir um ovopositor forte e proeminente, elas são atraídas pelos frutos devido ao seu cheiro e sua cor, especialmente os amarelos e laranjas. As fêmeas introduzem o seu ovopositor aproximadamente a 2 mm de profundidade e põem de 5 a 10 ovos por fruto; podem depositar um número total de 200 a 500 ovos; estes são brancos e de um tamanho de 0.2 a 1.0mm. Os ovos eclodem de acordo com a temperatura e emergem as larvas que penetram ao interior do fruto para se alimentar da polpa; seu tamanho pode ser de 2 a 9 mm de comprimento. Posteriormente os frutos atacados caem ao solo e as larvas saem para transformar-se em pupa debaixo da terra; o adulto emerge no período de 6 a 15 dias.  O ciclo de C. Capitata pode variar segundo a temperatura.

Adulto e danos da Ceratitis capitata. Fotografia de Moscamed-Guatemala

Biologia de Anastrepha spp.

Pertencente à família Tephritidae o adulto é similar à Ceratitis Capitata; se diferenciam em alguns traços morfológicos e nas bandas das asas. Também o ciclo de vida é bastante similar e difere um pouco entre as diferentes espécies do gênero Anastrepha. As fêmeas depositam os ovos no interior dos frutos; elas podem por de 10 a 100 ovos por fruto; estes ovos são brancos e do tamanho de 0.1-0.3mm. As larvas passam por três estágios, sendo o terceiro o que emerge do fruto, elas podem durar de 13 a 28 dias. Quando os frutos caem, as larvas emergem e passam ao estado de pupa entre 18 e 23 dias, e posteriormente o adulto emerge; a longevidade deles pode chegar a ser de 319 e 134 dias para machos e fêmeas, respectivamente.

Comportamento das Moscas-da-Fruta

A mosca permanece inativa durante a noite e nos períodos de chuvas fortes, nota-se um maior deslocamento em dias quentes. O fator de dispersão mais comum é o vento para as longas distâncias, porém a mosca se move de acordo com o padrão de frutificação do hospedeiro em busca de alimento.   

Após atingir a maturidade sexual, os machos da mosca-da-fruta se aglomeram em algum ponto de uma árvore de fruta (fenômeno conhecido como “Leks”) e dançam de forma rítmica, liberando feromônios sexuais para atrair as fêmeas que estão nas proximidades; a fêmea escolhe um macho separando-o do grupo para iniciar o ritual de acasalamento. Isto é um fator importante a ser considerado no momento de estabelecer um controle (armadilhas).

Moscas do Botão Floral

Além das moscas-da-fruta algumas espécies do gênero Dasiops adquirem importância como praga, pois elas causam danos às flores e aos frutos; as moscas como Dasiops Saltans são um problema fitossanitário que ocasiona perdas florais que variam de 40 a 80%. Estas moscas do botão floral foram relatadas em espécies como a pitaya e em algumas passifloras tais como, o maracujá, a gulupa (Passiflora pinnatistipula) e a curuba. Em países como a Colômbia, em culturas de pitaya Dasiops spp pode causar a caída do botão floral em mais de 60% e em cultivos de maracujá pode causar danos de até um 24%.

Adulto de Dasiops spp e danos causados em frutos de maracujá

Biologia de Dasiops spp

Os adultos se caracterizam por ser “metalizados”; têm as cores azuis e pretas brilhantes e seu tamanho pode chegar aos 10 mm de longitude. As fêmeas depositam os ovos no interior do botão floral; estes são muito pequenos (1-2 mm). Logo emergem as larvas, saem da flor e transformam-se em pupa no solo; o ciclo de vida varia de acordo à temperatura, porém pode durar em torno de 22,8 dias. 

Que danos causam as moscas do botão floral?

As larvas de Dasiops spp se alimentam do botão floral ou da própria flor consumindo as anteras ou o ovário, causando a caída de flores e botões, afetando assim a produção da planta. No caso da pitaya os danos podem ser detectados facilmente já que as flores afetadas tomam uma cor rosada; em casos como o maracujá, os frutos também se arrugam e ao abrir-se as larvas estão dentro.

      

Danos causados pelas larvas de Dasiops spp em frutos de maracujá

                             

Danos ocasionados por Dasiops spp em botão floral de pitaya

Que mecanismos de controle existem para as Moscas-da-Fruta e de botão floral?

Existem diferentes mecanismos de controle para estas moscas, entre os quais estão o controle cultural, o controle biológico, o controle autocida e o controle químico.

Controle cultural: Os frutos afetados pelas moscas devem ser coletados das plantas e do solo para evitar que as larvas saiam e se transformem em pupa no solo, estes frutos devem ser descartados longe do lote produtivo e devem ser enterrados. Também se pode ancinhar a base das plantas fazendo o controle mecânico das larvas.

                                                                            

Controle cultural de Moscas-da-Fruta. Fotografia de SENASA Perú

Controle biológico


São relatados alguns inimigos naturais que ajudam a reduzir as populações, sendo a maioria, Himenópteros. No caso de C. Capitata tem sido usado o parasitoide Diachasmimorpha longicaudata nos cultivos de manga. Não obstante, este tipo de controle depende das condições ambientais de onde esteja localizado o cultivo, da densidade das plantas e da disponibilidade comercial do parasitoide.

Controle autocida (TECNICA DO INSETO ESTÉRIL): Consiste na esterilização dos machos da mosca- da-fruta e na sua liberação massiva no cultivo com o objetivo de reduzir a capacidade reprodutiva das fêmeas presentes no cultivo. Entidades como o SENASA no Peru e a MOSCAMED no Brasil relatam a produção de machos estéreis da mosca-da-fruta.

Controle químico: Alguns dos controles químicos geralmente utilizados são as iscas tóxicas ou ilhas toxicas, os quais consistem na mistura de proteína hidrolisada (atraente) e um inseticida preferivelmente de baixa categoria toxicológica e água; esta mistura pode ser aplicada em setores do lote (ilha tóxica) ou de forma generalizada. Cabe destacar que o número de aplicações e o momento da aplicação estão determinados pelos dados encontrados nas armadilhas.

Como monitorar as Moscas-da-Fruta e do botão floral?

O uso de armadilhas para o monitoramento das moscas permite determinar um limite de ação para tomar decisões para o seu controle. Existem dois tipos de armadilhas-chaves que podem ser instaladas nos cultivos. Uma delas é a armadilha Jackson para a C. Capitata a qual consiste em dispor um gel ou um algodão com um feromônio atraente (Trimedlure) para atrair os machos. A outra é a armadilha McPhail para o gênero Anastrepha a qual contém um atraente alimentício (proteína hidrolisada); esta atrai tanto os machos como as fêmeas. Estas armadilhas são dispostas dentro do cultivo a uma altura inferior a 1.5 m; na Colômbia o ICA recomenda que para fazer o monitoramento se precise de uma destas por cada hectare cultivado.

Armadilhas para monitoramento das Moscas-da-Fruta. Parte superior da armadilha Jackson, parte inferior armadilha McPhail

Programas contra a Mosca-da-Fruta

No México o programa Moscamed tem a missão de evitar o estabelecimento desta praga no território de Chiapas e na parte Sul do Estado de Tabasco, para assim evitar o seu ingresso no interior do país; os países participantes deste programa são EUA, México e Guatemala, e o objetivo é gerar aplicações de diferentes tecnologias baseadas no MIP (Manejo integrado de pragas) para o controle das moscas. 

No Peru atua o SENASA (Serviço Nacional de Sanidade Agraria) e em sua Direção de Sanidade Vegetal se promovem planos de controle e monitoramento de moscas no território peruano. 

Na Colômbia o ICA (Instituto Colombiano Agropecuário) executa um plano nacional de moscas-da-fruta, que estende uma rede nacional de vigilância e monitoramento em todo o país com o objetivo de estabelecer áreas de baixa ou de zero prevalência de mosca-da-fruta.

Websites consultados:

Entrevistas realizadas:

  • I.A. Herberth Matheus, ICA seccional Boyacá.
  • Clara Milena Veloza Suan, Ingeniera y productora de gulupa en la zona de Puente Nacional, Santander, Colombia.