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MANCHA OLHO-DE-RÃ
Conheça um dos piores inimigos da soja

Com perdas aproximadas de 2.000 Kg por hectare em cultivos de soja que poderiam produzir de 3.000 a 4.000 Kg por hectares no Cone Sul e especialmente na Argentina, a mancha olho-de-rã se consolida como uma das pragas mais perigosas para a produtividade agrícola da soja.   En  Em países como o Brasil, esta doença gerou perdas de até 100% no inicio da década de 70.

Em 2010 esta praga gerou uma perda de 10 a 15% nos cultivos de soja na Argentina. As perdas puderam ser maiores sem o uso de fungicidas, de variedades resistentes e de práticas como a rotação de cultivos.

A soja é o principal cultivo da Argentina, também é sua principal fonte de divisas, é o terceiro país produtor mundial, depois dos Estados Unidos e do Brasil. Na safra 2009/10, a exportação bateu recorde com 54 milhões de toneladas, segundo comunicação oficial do Departamento Nacional de Controle Comercial Agropecuário (ONCCA)

Saiba como reconhecer, prevenir e controlar a mancha olho-de-rã nos cultivos de soja. Entrevista com Ricardo Paglione, Technical Fungicide Manager, Região LASE da BASF na Argentina.

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 Especialista convidado: 

Ricardo Paglione
Technical Fungicide Manager, Región LASE 
BASF - Argentina

 ¿O que é a mancha olho-de-rã (MOR)?  


RP:  É uma doença fúngica que atinge o cultivo de soja atacando folhas, vagens e sementes. O fungo sobrevive durante o inverno na semente e no mato infectado.  

Quando o patógeno se introduz em uma área, o mato constitui a principal fonte inoculante primária, é uma doença policíclica, ou seja, com vários ciclos de infecção. Adicionalmente as esporas que o fungo produz são disseminadas em plantas saudáveis pelas gotas de chuva e, em menos quantidade, pelo vento.

MOR-foto1

Infecção Roupa avançada
 

 ¿Qual é a sintomatologia que se apresenta nos cultivos infectados?  


RP: O sintoma mais típico e clássico é a soja, parecido ao da Cercospora Betícola que normalmente vemos na acelga. Este sintoma é o que dá o nome a doença, já que são lesões geralmente circulares, com centro claro (cinza) e beiras escuras (cor de vinho) parecidas ao olho-de-rã,  adicionalmente sobre as lesões se formam conídios livres pardos escuros, que é a forma da disseminação dessa doença. 

Nos caules, as lesões são alongadas e achatadas, no início vermelhas, mas a medida que o cultivo amadurece, se tornam cinza pálido. Sintomas parecidos se observam nas vagens. As sementes infectadas apresentam rachaduras e manchas coloridas.

O cultivo de soja é suscetível ou moderadamente suscetível, e ao adquirir o fungo, a sua área folhar fotossintética será atingida. Além disso, as folhas cairão prematuramente, tudo isto diminuirá seu rendimento. Na Argentina se detectaram casos de perdas de 2000 Kg por hectare em cultivos onde o potencial era de 4000 Kg por hectare. 

¿Que fatores biológicos, físicos e ambientais facilitam o contágio e a propagação da doença?  Aspectos Epidemiológicos.

RP: Segundo os estudos, o fungo sobrevive em forma de micélio sobre as sementes infectadas. As altas temperaturas e a umidade conduzem a formação de conídios, que são transportados pelo ar e pelas gotas de chuva a curta e média distancia (metros, não quilômetros).

As sementes infectadas geralmente reduzem seu poder germinativo ou produzem plantas fracas. Os cotilédones infectados constituirão a força de inoculação primária para infectar as folhas jovens. Se as condições são favoráveis para o patógeno, se podem produzir várias infecções secundárias durante o ciclo do cultivo.

É importante considerar que Cercospora Sojina é um patógeno com alto potencial de variabilidade genética, podendo se diferenciar várias raças fisiológicas, razão pela qual, as variedades resistentes a algumas raças determinadas poderiam ser atingidas por outras raças novas. 

¿Que zonas ou condições dos cultivos são mais predispostas a contrair o fungo?
RP: Geralmente áreas com verões mais quentes e úmidos, onde a temperatura noturna não baixa e a média diária é alta. 

Esta Praga a sua distribuição é ampla a nível mundial, mas é mais importante nas regiões quentes e úmidas. Foi mencionada pela primeira vez no Japão em 1915.

¿Que medidas preventivas se podem tomar para evitar a doença?  
RP: Sem lugar a dúvidas o plantio de cultivos resistentes é a principal ferramenta para o controle desta doença. No caso de usar cultivos que sejam suscetíveis, a solução mais prática é aplicar fungicida folhares. 

Quanto à rotação de cultivos, é uma prática aconselhável, já que reduz de maneira significativa os estragos e diminui a incidência de outras doenças.

O uso de sementes de alta qualidade e livres de patógeno é uma prática que deve ser considerada.

¿Que mecanismos se devem tomar para controlar o aparecimento do fungo ou erradicá-lo do cultivo?  
RP:Para evitar a introdução do fungo nos lotes livres com baixo inóculo, as sementes devem ser tratadas com fungicidas para esta doença,Strobilurinas + Benzimidazóisprincipalmente, já que estes são erradicantes nas sementes.

Os ataques folhares se controlam eficazmente com Strobilurinas ou misturas com Triazóis, mas não se fala de erradicação, e sim de controle. Quando o objetivo é a redução do inóculo, se sugere a rotação de cultivos com gramíneas estivais por dois anos ou mais.

Em sua opinião, ¿As fortes frentes frias que se apresentaram em 2010 são a razão pela qual esta doença atingiu em maior medida os cultivos de soja no Cone Sul? 

RP:A maior infecção ocorreu no verão 2009/10, porque o inverno 2010 poderia estar impactando agora (2010/2011). Por exemplo, pode impactar no nível do inóculo do mato (diminuindo-o), apesar que isto não esteja comprovado.

É importante lembrar que nesta zona a soja é plantada em novembro e colhida em abril. Durante os primeiros meses de plantio há ataques leves a moderados de mancha olho-de-rã, mesmo quando faltam muitos dias de desenvolvimento do grão e o amadurecimento esteja longe, mas a alta aplicação de fungicidas preventivos folhares por parte do agricultor, possivelmente não deixem que aumente a severidade da mancha olho-de-rã. 

Em termos gerais, ¿de quanto foram as perdas causadas pela mancha olho-de-rã na Argentina no último ano?  

RP: A doença atingiu cultivos na Argentina e no pampa úmido, aproximadamente 70% do total da área, e em menor medida cultivos no Uruguai no período 2009/10.  Aplicou-se fungicida em mais de 60% dessa área e se calcula que as perdas não superaram 10/15% do rendimento. 

Segundo o jornal argentino La Nación, que cita como fonte a Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires, em 2010 este fungo apareceu em cultivos de vários distritos das províncias de Córdoba, Santa Fe e Buenos Aires, se calculam perdas em cultivos de até 1500-2000 Kg por hectare.

MOR-foto2C. Sojina Gravidade

Fontes secundárias
Carmona A. M., Formento A.N, Scandiani M.M. Manual Mancha Ojo de Rana. ed. Horizonte A. Buenos Aires, Argentina. 48 p.