O que você precisa saber sobre bicos ou pontas de pulverização

O bico do equipamento de pulverização é a chave para:

Tipos de bicos

De acordo com o “padrão de distribuição” do produto/gotas que saem do pulverizador, os bicos são classificados em 3 grupos e podem ser:

O bico leque plano apresenta um maior número de bicos diferentes e uma maior amplitude de variação no tamanho das gotas produzidas de acordo com sua tecnologia de fabricação.

Atualmente, os bicos são feitos de polímeros plásticos - mais duráveis que o latão usado no passado - e mais econômicos. Eles também podem ter um corpo de polímero (como uma carcaça) e uma inserção no centro de aço inoxidável ou cerâmica, o que proporciona maior durabilidade e resiliência.

De acordo com a Norma ISO Nº 10625, a vazão dos bicos é identificada por um código de cores.

A pressão no circuito tem efeito no produto pulverizado pelos bicos.

Efeitos da pressão no Ângulo de pulverização dos bicos

Além disso, há efeitos no fluxo e na distribuição. Para dobrar a vazão, a pressão deve ser multiplicada por 4, o que na prática não é possível porque os bicos excedem a faixa de trabalho adequada e a pressão seria excessiva para os componentes do circuito hidráulico

Bicos de leque

Ele forma um padrão estreito em forma de 'V' invertido, com distribuição “normal”. O produto é concentrado no centro e se dissipa uniformemente em direção às extremidades.

• Distribuição do produto: uniforme, porém mais ampla e com maior ângulo dos bicos.
• Tamanho da gota: geralmente médio
• Utilização: indicado para aplicação de herbicidas seletivos - desfolhantes e fertilizantes foliares.

Como os leques dos bicos vizinhos se sobrepõem parcialmente, o fluxo deve ser homogêneo ao longo da lança ou barra de pulverização e eles devem estar localizados na barra de tal forma que, dependendo da altura de trabalho, haja uma sobreposição de pelo menos 30% entre bico e bico para uniformizar a distribuição do líquido pulverizado.

Os bicos devem ter um ângulo próximo a 15% em relação ao eixo da barra para evitar que os leques planos vizinhos “colidam” entre si, produzindo falhas na distribuição.

1. Bicos de jato plano regular ou “padrão”:

   1. Material: polímero ou com insertos de aço inoxidável ou cerâmica, os mais antigos e econômicos.
   2. Faixa de trabalho: 2 a 4 barras.
   3. Ângulos de pulverização: 80 e 110 º
   4. Tamanho da gota: gotas muito finas a médias (dependendo da vazão e da pressão de trabalho).

2. Bicos de jato plano de alcance estendido XR:

Usado para reduzir a deriva (diminuindo a pressão) ou para aumentar a cobertura sem aumentar o volume.

Para aplicação de herbicidas em terras de pousio, quando as ervas daninhas estão escondidas pelo restolho, pois permite maior penetração mantendo boa uniformidade de aplicação.
Faixa de trabalho: de 1 a 4 bares (alguns deles podem chegar a 5 bares e dobrar a vazão aumentando a pressão e mantendo o ângulo de pulverização de 1 bar).

1. Tamanho da gota: Gotas médias e pequenas (pode ser usado como “multifuncional” dependendo das pressões < ou >). Pode produzir gotas grandes quando a pressão é reduzida sem fechar o leque ou produzir gotas pequenas ao aumentá-la.

Bicos de leque duplo ou “Twin”
Busca-se maior penetração em cultivos densos, pois, por possuir duplo leque, um na frente e outro atrás, o líquido penetra melhor pelos espaços entre as folhas.

1. 1. Ângulos de pulverização definidos pelos 2 leques 60º (cada leque 80º, 110º etc.)
   2. Fluxo total 0,3 gal/min (cada leque 0,15 gal/min)
   3. Tamanho da gota: < que os bicos equivalentes de um leque simples porque o fluxo é dividido em dois leques. Na direção do avanço, o primeiro leque pulveriza a planta de baixo para cima, e o segundo de cima para baixo, em dois níveis diferentes.

   O mesmo efeito pode ser obtido com os chamados Twin Jet, ou pontas duplas e com inserções em formato de Y invertido.

Bicos anti-deriva (DG de primeira geração)

Projetado para reduzir a deriva causada pelo vento.
Benefício: minimiza o desperdício de produto; eficiência de tratamento e poupança econômica são alcançadas.

Recomendações: tratamentos pós-emergentes e preventivos. Possui uma pequena pré-câmara em frente ao orifício de saída na qual as gotas menores se juntam e a quantidade de gotas propensas à deriva diminui.

Tamanho da gota: um pouco maior que os anteriores. A tampa é removível para limpar o bico, se necessário.

Bicos defletores ou espelhos:

1. Distribuição do produto: Ele sai em um jato uniforme e amplo através de um pequeno orifício que atinge uma superfície inclinada, quebrando-se em inúmeras gotas.
2. Tamanho da gota: média/grossa a muito grossa; o grau de cobertura é baixo porque são projetadas em um ângulo amplo em direção ao solo e com baixa deriva.
3. Ângulos de pulverização: À medida que a pressão aumenta, eles sobem para >130º aprox. Um aspecto importante é que você deve parar de usá-los quando estiverem desgastados, pois podem produzir uma distribuição irregular.

• Utilização: herbicidas sistêmicos em baixos volumes de água.

Bicos com indução de ar (AI)

Estes são bicos projetados como altamente eficazes “Anti deriva”. Eles têm uma seção estreita no tubo através da qual o líquido flui. Conectados a este setor estão dois orifícios que se conectam ao ar externo: 1 mede o fluxo de líquido e 2 forma o padrão de pulverização. Entre os dois, há um aspirador de ar que o leva para o interior do bico para misturá-lo com água.

Este sistema, devido ao chamado “efeito Venturi”, aspira o ar do exterior - mais perceptível quando a velocidade do líquido é > - fator que depende da pressão de trabalho.

1. Faixa de trabalho: de 2 a 8 bares. (funciona melhor a partir de 4 bares em altas pressões)
2. Tamanho das gotas: grossas a muito grossas; tamanho maior porque contêm pequenas bolhas de ar em seu interior que se quebram quando atingem as folhas, proporcionando maior cobertura.
3. Vantagem: ao atingir o alvo, ao liberar o ar contido em seu interior, as gotas “estouram”, produzindo várias gotas de tamanho menor, o que aumenta a cobertura. A distribuição do produto reduz ao máximo os riscos de deriva.
4. Utilização: herbicidas pré e pós-emergentes, fungicidas e inseticidas

Bicos TeeJet Turbo

1. O design é uma combinação dos bicos “baixa deriva” e “defletor”.
2. Faixa de trabalho: de 1 a 6 bares - grande versatilidade para alterar as taxas de fluxo.
3. Desvantagem: É difícil desentupir em caso de obstruções, tenha cuidado com pós molháveis. Também é possível encontrá-los com indução de ar.

Bicos de indução de ar com leque duplo

1. Produzem um leque duplo, para melhorar a penetração
2. Tamanho da gota: grosso, mas < que aqueles dos bicos simples de jato plano induzidos por ar. Tamanho médio.

Bicos de jato plano excêntrico, “Off Center” ou de impacto

1. Tem a característica de que o leque plano se estende apenas para um lado.
2. Eles não são muito difundidos e seus principais usos são para aplicações do tipo sob o dossel ou para serem colocados na extremidade da barra cobrindo as áreas laterais.

Outros tipos de bicos de leque plano.
Existem outros tipos de bicos que, em alguns casos, podem pode ter origem em uma combinação de modelos diferentes.

1. TeeJet induzido por ar (TTI). Eles produzem gotas muito grossas, > do que aqueles induzidos por ar simples e Turbo TeeJet simples.
2. Bicos de jato duplo plano induzidos por ar.
3. Bicos anti deriva de leque duplo induzido por ar (DGTJ).
4. TeeJet (TTJ) de leque duplo
5. Outro tipo que vem ganhando mercado gradativamente são os bicos que formam uma única peça com a tampa. É o caso de um tipo de Turbo incluso na tampa ou o AIC da TeeJet que são induzidos por ar.
6. TeeJet AIUB. Eles são induzidos por ar e têm um leque plano excêntrico.

3. Bicos cônicos ou de turbulência 

Devido à turbulência gerada no caminho circular do líquido na câmara do bico, ele assume a forma de um cone ao sair. Isso resulta em gotículas finas, o que permite uma boa cobertura da cultura; permitindo que as gotículas também penetrem na parte inferior das folhas.

São utilizados principalmente em aplicações de inseticidas e fungicidas onde é necessário que as gotas penetrem corretamente no dossel da cultura, umedecendo toda a área. É necessária uma pressão entre 3 e 5 kg/cm2. São ideais para forte penetração e cobertura expandida de tratamentos com inseticidas e fungicidas.

Eles podem ser ocos ou de cone cheio.

Bicos cônicos ocos

Nestes bicos, o líquido entra pela parte central e superior de uma peça em formato de cilindro invertido, e sai por pequenos dutos laterais, o que cria o movimento rotativo. Existem versões com assistência de ar.

Este bico possui duas partes, seguindo a ordem do caminho do líquido, núcleo de turbulência (NT) que regula o tamanho das gotas e disco difusor (DD) que regula a vazão.

O NT é um disco plano que possui furos que dividem a massa do líquido, o que permite que o líquido tenha um movimento de rotação em espiral enquanto é contido pelo invólucro do bico.

Quanto maior o número de furos, menor o tamanho da gota. O DD regula a vazão, quanto maior o diâmetro, maior a vazão.

Após passar pelo NT, o líquido atravessa o DD e sai em forma de uma espiral cônica e oca, que quando projetada sobre uma superfície plana parece um anel.

Em geral, são recomendados para aplicação de inseticidas, fungicidas e desfolhantes.

1. Tamanho da gota: este é o tipo de bico que produz gotas finas e médias-finas.
2. Cobertura: excelente para aplicação de fungicidas, mas com alto risco de arrasto pelo vento (em condições ambientais adversas, recomenda-se trabalhar durante a noite ou nas primeiras horas da manhã, em particular, com <temperatura e humidade relativa).
3. Faixa de trabalho: 5 a 20 bares (o limite é a pressão máxima que os outros componentes do equipamento do pulverizador podem tolerar - filtros, válvulas, corpos, etc.)
4. Eles fornecem um jato que molha em forma de coroa circular. O ângulo mais comum é de 80º
5. Este tipo de padrão de distribuição também pode ser obtido através do uso combinado de discos dosadores e núcleos de turbulência cujas ranhuras laterais (1 a 4) fazem com que o líquido assuma um movimento rotativo e o disco dosa o fluxo que surge da interação de cada disco com cada núcleo de turbulência.
6. Vantagem: usando disco e núcleo, diferentes combinações entre disco, núcleo e pressão permitem gerenciar um maior número de fluxos alternativos.
7. Desvantagem: sua instalação em corpos de pulverização é trabalhosa.

Bicos cone cheio

Fornecem um padrão uniforme, circular e completo

1. Tamanho da gota: gotas grossas a muito grossas.
2. Faixa de trabalho: em baixas pressões de 1 a 3 bar

O design é semelhante ao bico cone vazio, mas o disco que tem rampas helicoidais tem um furo central pelo qual o líquido preenche o centro do cone. Seu amplo ângulo de pulverização permite colocá-lo a uma distância maior na lança ou barra (até 100 ou 110 cm), colocando a lança a uma altura maior.

Em geral, são recomendados para aplicação de fungicidas. Também é utilizado na geração de pulverização em máquinas de jato transportado (turbina) para pomares. Além disso, se certos núcleos de turbulência forem combinados com o disco dosador, pequenas gotas podem ser produzidas.

Bicos para fertilizantes aplicados no solo

 Possuem um ou mais furos para saída do produto em “jatos”

1. Utilização: distribuição de fertilizantes líquidos.
2. Tamanho: gotas grandes, com vazões semelhantes aos demais bicos.
3. Em geral, existe uma placa intercambiável com orifício calibrado que regula a vazão

Os bicos de pulverização mais utilizados são:

Sources:

• Aplicação de pesticidas em áreas críticas. Ing. Agr. Rubén A. Massaro. INTA EEA Oliveros.
• Manual para aplicadores agrícolas Uso responsável e eficiente de produtos fitossanitários Cid, Ramiro e Masiá, Gerardo Coordenador Editorial: Bogliani, Mario 1ª Edição Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária - Centro de Investigação da Agroindústria
• Bicos para pulverização agrícola, seleção e uso corretos para uma ótima qualidade de aplicação INTA Pedro Daniel Leiva
• Inta - Boas Práticas para Aplicação de Fitossanitários / Brambilla V. Gómez Hermida M. Bogliani
• Bichos de Campo Deriva INTA aplicação de agrotóxicos em áreas críticas
• Argentina Gob.ar Aplicação de pesticidas em áreas críticas. Ing. Agr. Rubén A. Massaro. INTA EEA Oliveros.
• Manual FAO para Elaboração de Pesticidas Manual CASAFE para Uso Responsável de Produtos Fitossanitários 2020
• Boletim de Publicidade N°41 ISSN 0328-3380 Guia para o uso adequado de pesticidas e o descarte correto de suas embalagens Ing. Agr. Fanny Martens INTA - Agência de Extensão Rural de Tandil 31 de maio de 2018
• INTA EEA Oliveros. Artigo de divulgação chave para minimizar a deriva do inglês Agr Ruben A. Massaro
• Avaliação de barreiras vegetais para mitigar a deriva de pulverização Lic. Copes Walter EEA Alto Valle. INTA Universidad Nacional del Comahue Faculdade de Engenharia Mestrado em Intervenção Ambiental. Orientação de Engenharia Ambiental
• CASAFE Prevenção de derivas nas aplicações de produtos fitossanitários
• INTA informa aplicações precisas: como controlar a deriva